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http://oglobo.globo.com/esportes/rio-2016/abin-monitora-cerca-de-40-grupos-de-hackers-18501897

RIO — Cerca de 40 grupos de hackers estão sendo monitorados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) depois de serem considerados capazes de atacar estruturas sensíveis, como bancos de dados do governo federal, durante os Jogos Olímpicos no Rio. Eles teriam condições técnicas para promover ações cibernéticas de grande impacto. Vasculhando a internet, agentes da Abin identificaram e catalogaram informações de aproximadamente 1.600 grupos responsáveis por mais de 20 mil interferências em sites de instituições públicas brasileiras nos últimos anos.

CRESCE NÚMERO DE AÇÕES CIBERNÉTICAS

O GLOBO entrou numa das páginas monitoradas pela agência, e nela há inúmeros relatos de ataques realizados nos últimos anos, quase sempre contra páginas de governos, instituições públicas e empresas. Os hackers registram o nome do site, a data e o horário da ação, e nome de quem reivindica a autoria. Um levantamento divulgado ano passado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) na América do Sul revelou que o número de ataques cibernéticos está crescendo na região e podem aumentar durante as Olimpíadas. O motivo não seria apenas roubar dados, mas para simplesmente causar prejuízos.

Agentes do setor de Contrainteligência Cibernética da Abin estão monitorando os suspeitos. Durante os Jogos, a agência estuda produzir e distribuir relatórios diários com análises de possíveis ameaças, em especial contra o Comitê Olímpico e aos sistemas de comunicação do governo federal. O trabalho é feito em bases de dados na internet, sobre ataques bem-sucedidos contra sistemas e sites governamentais.

Grupos de hackers e ciberativistas costumam divulgar seus ataques em busca de notoriedade, principalmente quando conseguem modificar o conteúdo das páginas alvo, uma ação conhecida como “defacement”. O site visitado pelo GLOBO é uma fontes pública de informações sobre invasões. Segundo o responsável pela versão brasileira da página, o ano de 2013 foi o mais ativo, com 67.097 ações confirmadas. No ano seguinte, quando houve a Copa no Brasil, foram 40.663 casos. Em 2015, 40.199.

Um dos grupos em atividade no país, segundo o site, já fez 465 ações de “defacement”. Entre os alvos, estavam as páginas da apresentadora Xuxa Meneghel, do pastor e deputado federal Marco Feliciano, da cadeia de restaurantes Habib’s e, mais recentemente, das empresas Vale e Samarco. As duas companhias foram indiciadas pela Polícia Federal por crimes ambientais, devido ao rompimento de barragem em Mariana.

Um dos fundadores de um grupo de dez pessoas, X. diz que existem no país cerca de cinco coletivos de “defacers” ativos, e todos devem estar preparando ações para as Olimpíadas:

— Nesse período a mídia internacional estará voltada para o Brasil. É uma chance para protestar contra os problemas que estamos vivendo. Com certeza os hackers brasileiros não vão deixar passar em branco.

Os dados sobre ataques cibernéticos estão sendo cruzados com outras informações obtidas pela Abin, para os agentes verificarem, por exemplo, a autoria das ações e se os grupos continuam ativos. A análise dos dados abrange outros elementos, com verificar o total de hackers atuantes, quais efetivamente têm capacidade técnica, motivação e o provável intuito de prejudicar os Jogos e a imagem do governo brasileiro durante as Olimpíada. Esse trabalho analítico, com a avaliação atualizada sobre quais grupos se mostram mais capazes de afetar a estrutura de comunicação olímpica, compõe um dos relatórios de ameaças cibernéticas difundidos pela Abin para o evento esportivos.

PARCERIA COM O COMITÊ OLÍMPICO

A atuação da Abin na área cibernética é desenvolvida em parceria com o Comitê Olímpico. A agência integra o grupo de trabalho Rio 2016 Cyber Security Core Team, principal fórum público-privado de discussão de temas relacionados à segurança cibernética dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Para especialistas, ataques virtuais contra sites e servidores do governo e da organização dos Jogos Olímpicos são prováveis e até esperados. Um pesquisador da Trend Micro, empresa contratada para a fazer a segurança cibernética da Olimpíada de Pequim, em 2008, conta que eventos desse porte exigem estratégias de defesa robustas, com links e servidores redundantes para mitigação dos efeitos das ações dos hackers.

— Imagine se derrubarem o servidor que contabiliza o quadro de medalhas — disse o pesquisador, que pediu para não ser identificado.

Fabio Assolini, analista da Kaspersky Lab, empresa especializada em segurança digital, explica que as ações de “defacement” preocupam, mas o maior perigo vem de ataques de negação de serviço, conhecidos como DDoS. Com o uso de redes de computadores infectados, hackers e ciberativistas podem tentar atrapalhar o andamento dos Jogos Olímpicos, derrubando servidores com o envio simultâneo de milhões de requisições a um alvo determinado, sobrecarregando o sistema.

— Ataques desse tipo podem comprometer a comunicação interna, a mensuração de resultados. No mínimo, atrasam o cronograma dos jogos e, no máximo, podem provocar a perda de resultados — diz Assolini.

O especialista considera importante o monitoramento realizado pela Abin. Segundo ele, informações capturadas em fóruns e grupos de discussão podem antecipar ataques, permitindo que os profissionais que atuam na defesa dos sistemas estejam mais bem preparados. Contudo, alerta Assolini, a Olimíada é um evento global, e grupos hackers e ciberativistas estrangeiros também devem estar planejando ações.

No Brasil, já é possível perceber claramente a presença de muitos hackers a favor da Palestina. A verificação é feita de forma randômica, por meio da atuação dos grupos, que usam ferramentas automatizadas para atacar listas de páginas que tenham falhas de segurança específicas.

Segundo X. a maioria dos “defacers” em atividade atualmente são de países árabes e do Norte da África. Ao ser questionado se existem hackers ligados a grupos terroristas, como o Estado Islâmico, a resposta foi positiva:

— Grande parte dos hackers fazem “defacement” em apoio a grupos extremistas, alguns são até mesmo financiados por ditaduras.

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O Globo- Abin monitora cerca de 40 grupos de hackers

RIO — Cerca de 40 grupos de hackers estão sendo monitorados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) depois de serem considerados capazes de atacar estruturas sensíveis, como bancos de dados do governo federal, durante os Jogos Olímpicos no Rio.
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