Tecnologia do Bem

Descubra como a tecnologia e a inovação têm ajudado a combater o Coronavírus

Inovações tecnológicas têm aparecido a cada dia para ajudar a salvar vidas e manter o nosso bem-estar durante a pandemia gerada pela Covid-19.

Arte por

Datalands

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Inovação nada mais é do que uma forma profunda de reciclagem. Inovadores costumam abrir os antigos armários do conhecimento e vasculhar entre milhares de camadas de informação e conteúdo para retirar pequenos pedaços daquilo que já sabemos e combinar isso de um jeito diferente para resolver novos problemas.

Por isso, apesar da quarentena e do isolamento massivo, a inovação foi algo que apareceu praticamente todos os dias no noticiário durante a pandemia, já que existem milhares de inovadores ao redor do mundo que estão trabalhando para criar novas tecnologias que ajudem a salvar vidas e a melhorar o bem-estar das pessoas durante essa pandemia causada pelo novo Coronavírus.

Aqui listamos 6 novidades tecnológicas criadas nos últimos meses para minimizar e ajudar a combater a Covid-19:

1. Dobrar proteínas em computadores caseiros para acelerar a descoberta dos anticorpos da Covid-19: 

O poder dos computadores caseiros cresce cada vez mais e por isso agora podemos ajudar os cientistas a desenvolver os anticorpos que vão evitar que a Covid-19 infecte as células dos nossos pulmões. Você mesmo pode ajudar nessa missão. Só precisa fazer o download de um simulador de dobradura de proteínas aí no seu computador.

Para que simular a dobradura de proteínas? De acordo com Ariana Brenner Clerkin, do projeto Folding@home, a Covid-19 infecta pessoas quando uma proteína localizada na superfície do vírus, a chamada proteína Spike, se conecta com as células receptoras de proteínas do pulmão (ACE2).

O que os cientistas estão tentando desenvolver é uma nova proteína que funcione como anticorpo para impedir que as proteínas Spike, também conhecidas como proteínas de ponto, se acoplem ao pulmão e propaguem a infecção. Ao mesmo tempo, esse é também o alvo dos anticorpos produzidos pelo sistema imunológico depois da contaminação.

Um anticorpo similar já havia sido feito para combater o SARS, mas para encontrar um que funcione contra a Covid-19 é necessário entender melhor como funciona a estrutura do vírus e de suas proteínas Spike. Para isso, é preciso estudar e analisar todas as formas que essa proteína pode dar ao vírus. O sistema do Folding@home simula diferentes modelos de formatos que a Covid-19 pode criar e encontra os pontos fracos dessas formações para descobrir onde os anticorpos poderiam entrar.

Hoje em dia, os computadores padrão já têm capacidade de executar programas que fazem a dobradura de proteínas, processo que ajuda a revelar as diferentes formas do vírus, mas o volume de possibilidades faz com que seja necessária uma alta capacidade de processamento para analisar o todo.

É aí que entram os computadores pessoais. Com mais computadores trabalhando nessa dobradura, conseguimos acelerar significativamente o processo para encontrar os anticorpos e descobrir como usá-los. É por isso que não só a plataforma, como também os dados do Folding@home estão abertos para todos na internet.

2. Desenhando proteínas por meio de crowdsourcing: 

jogo online gratuito FoldIt vai além da primeira inovação e abre para o crowdsourcing, ou seja, para a colaboração coletiva, o desenho da proteína que pode se tornar o futuro antivírus contra a Covid-19. O jogo foi criado por cientistas em parceria com o University of Washington Institute for Protein Design, e permite que os usuários desenhem uma proteína que se ligará às proteínas Spike da Covid-19 para neutralizá-la.  

3. Respiradores criados por civis e que funcionam com motores de limpa para-brisa

Nos casos mais severos, a Covid-19 pode afetar funções pulmonares e exigir que pacientes mais graves tenham que utilizar respiradores e máquinas para respirar. Durante a pandemia, muitos países enfrentaram uma escassez  de respiradores desse tipo e os meios de produção tradicionais desses aparelhos não deram conta dessa demanda extraordinária.

Para ajudar, um grupo de 17 engenheiros espanhóis, liderados pela companhia de projetos Protofy, desenvolveu OxyGEN, um respirador que funciona usando um motor de limpa para-brisas para automatizar a bolsa de ressuscitação. A Protofy afirma que até uma pessoa sem treinamento nenhum consegue fazer um desses à mão, com apenas madeira, acrílico ou alumínio em 4 horas de montagem.

O vídeo abaixo mostra o OxyGEN em funcionamento. Confira:

O grupo está trabalhando agora em conjunto com dois hospitais espanhóis para testar e melhorar o respirador. E mesmo sem sua eficácia e funcionamento 100% comprovados, os criadores decidiram disponibilizar os manuais de fabricação e uso do OxyGEN de graça na internet, convidando não só as pessoas a baixá-lo, como também chamando engenheiros, inventores e outras pessoas a enviar ideias e sugestões para melhorar o respirador.  

4. Treinando a Inteligência Artificial para detectar sinais do Coronavírus através da fala:

O Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmou recentemente em uma coletiva virtual: “Temos uma mensagem muito simples para todos os países: testem, testem e testem”. Mas, mesmo que esse seja o objetivo de todos, sabemos que os recursos são escassos para fazer tantos testes assim, seja em capacidade, expertise e, principalmente, tempo. 

Mas a Inteligência Artificial (IA) pode ajudar a diminuir o volume de testes físicos. E pode fazer isso ao detectar traços de sintomas de Covid-19 através dos sons emitidos na fala. A professora Rita Singh, da Universidade Carnegie Mellon, expert em perícias forenses de voz, e o inventor israelita Shmuer Ur se uniram à startup Voca.ai, que trabalha com processamento de linguagens, para desenvolver um sistema baseado em IA que poderá detectar infecções por Coronavírus utilizando somente uma amostra de voz de uma pessoa. O Voca.ai solicita que o público envie amostras de voz de maneira anônima para serem catalogadas e estudadas.

É claro que aí também surgem outras questões, como privacidade e segurança, por exemplo, mesmo que as amostras de voz não sejam caracterizadas como dados privados em muitos países. Ainda assim, com os sistemas biométricos de identificação se tornando cada vez mais comuns, esse pode se tornar um tipo de dado facilmente passível de ser aberto e revelado. Isso porque os termos de consentimento do estudo do Voca.ai ainda afirmam que existe a possibilidade de que esses dados sejam repassados a terceiros.

5. Charlotte & Dave: válvulas impressas em 3D que transformam máscaras de snorkel em respiradores:

O médico Renato Favero teve uma ideia para solucionar a escassez de máscaras de CPAP (“Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas”, em tradução livre) nos hospitais italianos: adaptar máscaras de snorkel.

Ele então levou sua ideia até a Isinnova, uma empresa local de engenharia e design. Eles entraram em contato com a fabricante das máscaras, que forneceu todos os designs e planos originais. Com isso a Issinova pode desenhar e criar, através de impressão em 3D, os componentes necessários para conectar a máscara ao fornecimento de oxigênio dos hospitais e aos respiradores CPAP.

Confira o vídeo que introduz as novas válvulas, batizadas de Charlotte e Dave:

Ainda que não tenham sido certificadas e que tenham sido desenhadas somente para casos em que não há outras opções disponíveis, a Issinova patenteou os desenhos das válvulas e os disponibilizou de graça para download em seu site.

6. 42 mil mentes pensando em soluções em um hackathon remoto

No último mês de março, o governo alemão organizou um hackathon remoto, chamado de WirvsVirusHacking to fight the crisis, que em português seria algo como: “Nós vs O Vírus: Hackeando para sair da crise”.

Esse foi o maior evento do tipo na Alemanha até então, atraindo mais de 42 mil participantes. A organização utilizou a plataforma Airtable para distribuir os times e lançar mais de 800 desafios diferentes relacionados aos diversos impactos do vírus sobre a sociedade, desde o rastreamento de contaminados, até o controle de fronteiras, assim como para campanhas de isolamento para a população.

Que ideias saíram do papel? Você encontra os destaques do evento no site do #WirvsVirus. Um dos principais deles foi o Track COVIDCluster, um aplicativo que ajuda a rastrear o contágio do vírus ao identificar e notificar as pessoas que tiveram contato com alguém que testou positivo para a Covid-19.

A boa notícia é que, mesmo sendo parte de um evento criativo como um hackathon, além das preocupações sobre o funcionamento do app, a equipe criadora do TrackCOVIDCluster também teve sempre em mente a privacidade dos usuários, desde o começo do projeto

“Nós acreditamos em um futuro onde a proteção de dados e a privacidade digital não são um obstáculo e sim um princípio básico de qualquer solução tecnológica”, afirmou Moritz Gansel, um dos criadores do app.

O que os inovadores podem aprender a partir dessas ideias?

O que mais se destaca dentro disso tudo é o quão rápido ideias como essas se tornaram algo tangível e útil, principalmente em um momento como o que vivemos. Também chama a atenção a abertura desses criadores a compartilhar seus projetos e trabalhar de maneira colaborativa com outras pessoas. Por isso, é muito reconfortante ver tantas pessoas dispostas a contribuir com aquilo que têm para gerar um bem maior. Será que fazemos o mesmo nas empresas? Estamos colaborando com a sociedade sem esperar algo em troca?

Essa parece uma questão radical, mas ainda assim não precisamos olhar muito longe para ver líderes de empresas que dizem coisas do tipo: “o segredo para o sucesso é a generosidade” ou “é dever de todos dar algo de volta para os demais”.

Mas com um panorama econômico complicado sendo desenhado para os próximos anos, somado aos desafios de enfrentar a Covid-19, existe uma abertura única para questionarmos se a generosidade não deve ser uma parte mais significativa dos negócios, das lideranças e da vida em si.

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Sobre os autores

Suraya Casey is a freelance writer, editor and content strategist based in New Zealand. Her interests include cybersecurity, technology, climate, transport, healthcare and accessibility.