Os perigos de um futuro inteligente

A tecnologia avança cada vez mais rápido e a cada dia está mais relacionada com o nosso dia-a-dia, a ponto de considerarmos ela como uma mercadoria insubstituível. No entanto, cada inovação no

A tecnologia avança cada vez mais rápido e a cada dia está mais relacionada com o nosso dia-a-dia, a ponto de considerarmos ela como uma mercadoria insubstituível. No entanto, cada inovação no mundo da informática já não é tão surpreendente como antes. Sejamos sinceros: uma taxa de transmissão de dados mais alta não nos fará mais feliz do que já somos.

Ainda assim, o impacto que pode gerar a mais nova geração de TVs inteligentes não é produzido pela densidade de pixels que ela tenha, e sim pelo preço ou pelo tamanho do produto. Para dizer a verdade, ninguém se importa se os dispositivos móveis atuais são capazes de calcular a linha de voo de uma nave espacial que vai para Marte.

O fato das fotos nuas de Kim Kardashian terem gerado quase o mesmo furdunço quanto o desembarque da sonda Philae de Rossetta no cometa 67P, não é impressionante. Eu, pessoalmente, notei que essa overdose de tecnologia tem provocado um efeito secundário (e nocivo) entre os usuários: significativamente perdemos nossa cautela quando se trata de segurança e a consciência com relação ao quão perigosa e comum são as ameaças cibernéticas. Pior ainda é não termos ideia de quantas ameaças teremos que enfrentar daqui a 5-10 anos se a tecnologia continuar avançando nesse mesmo ritmo.

Curiosamente, quanto mais sofisticada e desenvolvida é a tecnologia que nos rodeia, mais em risco estaremos nós e o mundo em que vivemos. Então, o quão perigoso é, de fato, o nosso futuro?

Estado e propriedade

Hoje, as casas inteligentes ainda são um luxo que não é conhecido pela gente comum. Graças a gigantes da tecnologia como Google e Apple, o mais provável é que em alguns anos muitos de nós poderemos sentar em uma sala cheia de dispositivos inteligentes. A temperatura, a iluminação, os sistemas de alarme e outros aparelhos serão controlados através de qualquer dispositivo móvel.

O mesmo ocorre com os carros: Volvo e BMW já estão oferecendo capacidades básicas de controle e vigilância através do smartphone ou tablet, e em alguns anos os últimos modelos fornecerão esses recursos aos usuários, inclusive nos carros populares. De qualquer forma, o custo da tecnologia a bordo é incomparável com os custos de todo o carro.

Independentemente do progresso técnico, a segurança desses sistemas se parecem muito com um cadeado comum: não importa o quanto seja robusto, basta um golpe e ele ser abrirá em um instante.

Mas tudo se torna ainda mais simples se o culpado tiver uma chave-mestra, ou pelo menos uma oportunidade para obtê-la. Isto ocorre quando um smartphone funciona como uma ferramenta capaz de abrir as portas de uma casa ou as portas de um carro inteligente. As pesquisas recentes realizadas em casas e carros “smart” demonstraram este ponto perfeitamente.

Além disso, experiências semelhantes mostraram que a pirataria de casas e carros não é necessariamente feita para uma única finalidade: o roubo. Depois de ter acesso ao sistema de controle central, os cibercriminosos são capazes de manipular processos, tais como: bloquear pessoas dentro da casa inteligente e inclusive alterar a temperatura ou os componentes da água. Assim mesmo, no caso dos carros inteligentes, um hacker poderia manipular o sistema de freios ou da direção do carro a distância.

Dinheiro

Os clássicos assaltos a bancos com espingardas, reféns e requisitos de jato particular são coisas do passado. Hoje em dia, os cibercriminosos se dedicam a analisar as vulnerabilidades dos sistemas bancários da web e pagamentos online, com o objetivo de concretizar os planos maliciosos.

Quando você vai realizar uma compra e leva o montante do dinheiro na carteira, você tem a possibilidade de controlar o dinheiro que está levando. Mas quando o pagamento é realizado através do seu celular, o mesmo não ocorre. Nestes casos, nem o comprador, nem o vendedor podem estar 100% seguros se o dinheiro chegará aonde deve.

 

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A tendência de substituição completa do caixa por qnálogos virtuais é um presente de Natal para os cibercriminosos. A manipulação de informações é a maneira mais fácil de lidar com objetos reais.

Dados pessoais

Aqueles momentos em que nós guardávamos todas as lembranças da família (fotos, vídeos, etc.) em uma caixa de papelão grande desapareceram. Hoje, muitos usuários preferem utilizar as plataformas de armazenamento como a nuvem para preservar sua informação pessoal e seus documentos importantes.

É bastante provável que em poucos anos os dispositivos de armazenamento local (DVD, pendrives, HD) também se tornem uma relíquia do passado. Porque guardamos nossos dados mais valiosos em um aparelho que pode quebrar ou perder, se podemos tê-los em uma plataforma virtual na qual podemos acessar desde qualquer lugar do mundo?

Bom, há uma razão. Desde o instante em que nossos arquivos são armazenados na nuvem, eles deixam de ser exclusivamente nossos. Os termos do serviço especificam que tudo o que é armazenado na nuvem, também é de propriedade do prprietário da plataforma.

Parece que não há volta atrás. De fato, toda esta informação é utilizada pelas corporações como Google, que usam estes dados para armar perfis específicos de cada usuário da Internet. São dados como sua saúde, estilo de vida, preferências, gostos, misturado com milhares de imagens e mensagens de texto.

O jogo “Watch_Dogs” ou o filme “Duro de Matar 4.0”  são exemplos claros de como funciona este sistema de informação. Em ambos os casos, o enredo está baseado em uma cidade controlada por um sistema unificado. Muitas das coisas que o jogo e o filme mostram são reais.

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Depois de mencionarmos tudo isso, acrescentemos o malware que está em constante evolução, as infiltrações às redes e a total falta de responsabilidade e consciência por parte dos usuários. O panorama nos mostra uma imagem pouco feliz sobre o nosso provável futuro: um mundo frágil capaz de se converter em um caos com a simples ação de apertar um botão; corporações que se apropriam da informação dos usuários e milhões de dólares roubados por um adolescente que hackeia os sistemas bancários que não contam com sistemas fortes de segurança.

Ou será que estamos exagerando?

 

Tradução: Juliana Costa Santos Dias

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