Brasil é país que mais sofre com ataques de ransomware na AL

País concentra 55% dos ataques de vírus sequestradores na região; pequenas e médias empresas são maiores vítimas

Buenos Aires – O Brasil é, de longe, o país latino-americano mais afetado pela epidemia de ransomware que se propagou em 2017. O país sofreu 55% do total de ataques com este tipo de vírus este ano, quase o dobro da soma de México (23%) e Colômbia (5%).

Ao todo, os ataques do ransomware na AL registraram crescimento anual de 30% entre 2016 e 2017, com 57 mil detecções em 2016 e 24 mil até o momento em 2017. Os dados foram revelados pela Kaspersky Lab durante a 7ª Cúpula Latino Americana de Analistas de Segurança da empresa, que acontece esta semana em Buenos Aires, Argentina.
“De 2016 até agora, metade do malware detectado na AL é da categoria de Trojans, com o Trojan-Ransom tendo o crescimento mais rápido”, diz Santiago Pontiroli, analista de segurança da Kaspersky Lab. “A América Latina, e em especial o Brasil, virou fábrica de ransomware, diz.

De acordo com os dados da Kaspersky Lab, os ataques de ransomware são direcionados principalmente ao setor de saúde, além de pequenas e médias empresas. A maioria é por acesso remoto, aproveitando senhas fracas ou serviços incorretamente configurados.

“A ameaça com maior impacto na América Latina entre 2016 e 2017, sem dúvida, foi o sequestro de dados. O aumento do número de ataques direcionados foi notável não só na região, mas também no resto do mundo. Este tipo de golpe tornou-se uma epidemia global que causou milhões de perdas e danos irreparáveis ​​em diferentes indústrias e que, por enquanto, não parece parar”, diz o especialista.

Alguns exemplos emblemáticos desses ataques são Petya ou PetrWrap, HDD Cryptor e o já famoso WannaCry, que infectou mais de 200 mil computadores em todo o mundo, dos quais 98% usavam sistemas Windows 7. Na América Latina, a maior propagação de WannaCry foi no México e no Brasil, seguido de Chile, Equador e Colômbia.

“O uso de exploits como EternalBlue e backdoors como o DoublePulsar ajudou o WannaCry a propagar-se automaticamente em redes internas, permitindo que cibercriminosos arrecadarem cerca de US$ 100.000, mas cujos danos superaram esse valor dentro das empresas afetadas” , explica Pontiroli.

Algo parecido aconteceu com o NotPetya um ransomware para fins de sabotagem que afetou principalmente Ucrânia, Rússia e outros países da Europa Oriental, e que foi distribuído por meio de um software legítimo comprometido, bem como sites de notícias ucranianos. Este malware destruiu arquivos sem possibilidade de recuperação e foi propagado dentro de redes internas através de exploits como EternalBlue e EternalRomance.

NoMore Ransom

Para fornecer um recurso útil às vítimas de ransomware, a Polícia Nacional da Holanda, Europol, Intel Security e a Kaspersky Lab lançaram em julho do ano passado a iniciativa “No More Ransom” (www.nomoreransom.org). No site, os usuários podem encontrar informações sobre o que é essa ameaça, como funciona e como se proteger.
Hoje, o “No More Ransom” reúne mais de 100 parceiros de órgãos da lei, setor público e privado. Atualmente está disponível em 14 idiomas (em breve em 12 mais), e evitou perdas por US$ 8,5 milhões.

“Graças a esta iniciativa sem fins lucrativos, mais de 30 mil usuários decifraram seus dispositivos e conseguiram diminuir, de certa forma, essa ameaça global. Completamos nosso primeiro ano e continuamos a incorporar parceiros em vários países”, disse Pontiroli.

Embora o “No More Ransom” seja um caso de sucesso digno de nota, a ameaça do ransomware continuará a aumentar sem prevenção adequada, confirma o analista. Ele enfatiza a necessidade de sempre fazer backup de arquivos, manter o sistema operacional e uma solução anti-malware atualizada; bem como a filtragem de e-mails suspeitos e, ainda mais se contiverem anexos.

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