Caso seu novo aparelho móvel – smartphone ou tablet – fique lento demais ou trave justamente no momento em que você está mostrando a novidade para seus amigos ou tentando decifrar todos os aplicativos, tome cuidado antes de levar ao vendedor e reclamar do equipamento. Apesar de serem novos no mercado, eles podem ter sido infectados por algum programa malicioso – os malwares –, que ultrapassaram as fronteiras das mídias antigas e começam a desembarcar com uma velocidade espantosa sobre os novos aparelhos.
A expansão do número de malwares para essas novas ferramentas já preocupa os fabricantes e representa um aumento de 60% nas criações e variações de vírus entre 2009 e 2010. No último ano, a McAfee registrou o surgimento de 60 mil novos malwares por dia no mundo. Dados da Kaspersky indicam a criação, em 2010, de 153 famílias de vírus com cerca de mil variantes, somente para celulares.
Segundo dados divulgados pelo International Data Corporation (IDC), pela primeira vez as vendas de smartphones superaram a venda de notebooks, o equivalente a um aumento de 49% em relação a 2010.
Para este ano, a previsão é de que as vendas atinjam 450 milhões de aparelhos, contra 300 milhões no ano passado. No Brasil, os fabricantes de eletrônicos venderam 100,9 milhões de smartphones contra 91,2 milhões de computadores. Essa tendência, no entanto, chegou acompanhada de outros dados que deixam sob alerta as empresas que atuam com segurança na tecnologia.
Para o analista de malwares da empresa Kaspersky Lab, Fábio Assolini, no momento em que a computação tornou-se móvel – primeiro com os notebooks e agora os smartphones –, os cybercriminosos também expandiram suas fronteiras. Na opinião dele, a inexperiência de muitos usuários também colabora para essa propagação de malwares, além de fazerem a migração para as novas ferramentas, cada vez mais popularizadas. “Ele vão para onde migram as pessoas, onde há possibilidade de ganhar dinheiro. Os tablets são novos ainda, mas o ataque a essas ferramentas é uma questão de tempo”, disse.
Assolini cita o sistema denominado “mobile payment” – pagamento feito pelo celular –, muito utilizado no exterior, como um novo foco dos cybers, cujos ataques já iniciaram. No Brasil, os casos mais comuns envolvem programas maliciosos que impedem a comunicação entre os smartphones, além dos programas que se apropriam da lista de contato e passam a fazer pequenos saques nas contas bancárias.
Como prevenir
Na opinião de Alexandre Sieira, diretor técnico da Chiper, empresa especializada em segurança na tecnologia, navegar na rede requer alguns cuidados especiais. Entre esses cuidados estão coisas simples, como manter o Bluetooth desligado, principalmente em áreas onde não há o domínio do ambiente. “Se há um celular configurado com o vírus, ele vai ‘procurar’ todos os outros e espalhar o problema”.
Outro problema apontado, principalmente nas organizações, pode ser a falta de conscientização dos colaboradores no uso da internet. “Essas empresas já entenderam esse risco e buscam se precaver”, lembra.
Entre as ações que reduzem os riscos nas empresas estão programas de conscientização de segurança na rede, programas de comunicação, ameaças à informação, ameaça à segurança e também manuais e materiais de treinos que atendem desde o presidente ao analista.
As ações, lembra Sieira, podem evitar casos como o ocorrido com a empresa RSA, que ironicamente trabalhava com soluções de segurança. Por um descuido de um analista, que abriu um malware provavelmente de alguma concorrente, a empresa teve exposta toda sua estratégia de combate, assim como todos os estudos e planejamentos de ações.