Princípios éticos da divulgação de vulnerabilidades

Para garantir que uma divulgação de vulnerabilidade não cause mais problemas do que soluções, recomendamos alguns princípios básicos.

Erros e vulnerabilidades tornam-se quase inevitáveis ​​no desenvolvimento de qualquer sistema de TI, ainda mais no âmbito dos software ou hardware mais complexos. Esses bugs ou falhas geralmente não são encontrados por funcionários e especialistas técnicos da empresa que produziu tal programa, mas por pesquisadores externos. Eliminar esses erros e possíveis vulnerabilidades é a chave para uma forte cibersegurança, ponto de interseção com o trabalho de nossos experts. Assim, o principal fator que provoca erros e falhas – o humano – também é a chave para a detecção e correção dos problemas. Ao mesmo tempo, é importante perceber que esse processo de correção pode potencialmente criar novos riscos e falhas em vez de solucionar a questão inicial.

Na Kaspersky, aderimos a princípios éticos claros e transparentes na divulgação responsável de vulnerabilidades (RVD) – o processo que seguimos quando encontramos vulnerabilidades nos sistemas de outras organizações. Nossos cinco princípios estão baseados em mais de 23 anos de trabalho global e continuamos a ser inspirados por algumas práticas recomendadas e, em particular, pelo Código de Ética do Fórum de Resposta a Incidentes e Equipes de Segurança (FIRST, na sigla em inglês). Em todos os casos, priorizamos a segurança de nossos usuários (pessoas e organizações que usam produtos e soluções Kaspersky).

Ao mesmo tempo, respeitamos os interesses de todas as partes envolvidas: os indivíduos ou organizações cujo produto é vulnerável, seus clientes (como possíveis vítimas) e o setor de cibersegurança como um todo.

Seguir tais princípios garante que possamos agir de maneira transparente, responsável e consistente, para criar um ecossistema mais seguro de tecnologia da informação e comunicação (TIC). No entanto, para que essa abordagem funcione em todo o setor de TI, outros fornecedores – e seus usuários, pesquisadores independentes, reguladores e todas as partes interessadas – também devem ser guiados por fundamentos semelhantes. Portanto, decidimos publicar nossos princípios para a divulgação responsável de vulnerabilidades encontradas no software de outras empresas. Somos pioneiros.

Princípio #1: Construa confiança

Certo grau de desconfiança é a base da segurança da informação. Mas as divulgações de vulnerabilidades sem um nível de confiança simplesmente não funcionam, por isso presumimos a benevolência como um motivador para todas as partes, embora, é claro, dediquemos tempo e esforço para coordenar ações e reduzir quaisquer danos associados à vulnerabilidade – em outras palavras: confie, mas verifique. Não publicamos informações sobre brechas de segurança por diversão ou ambição, mas apenas para o interesse e segurança dos usuários e da sociedade.

Princípio # 2: informe primeiro a parte afetada

A divulgação de vulnerabilidades é um processo complexo que pode enfrentar vários obstáculos, como partes envolvidas que não respondem ou até inacessíveis. Apesar desses problemas, é essencial fornecer informações oportunas e precisas aos fornecedores afetados. Primeiro, coordenamos os esforços para eliminar a vulnerabilidade e minimizar o risco para o usuário. Para isso, o fornecedor deve possibilitar uma maneira clara e transparente de relatar e processar informações sobre vulnerabilidades (para entender mais sobre como isso funciona na Kaspersky, acesse aqui e aqui).

Princípio # 3: Coordene esforços

É óbvio que cada vulnerabilidade tem sua especificidade. Algumas ameaçam os usuários de um único produto e outras podem afetar várias partes (por exemplo, nos casos envolvendo empresas internacionais com cadeias de suprimentos complexas). As vulnerabilidades também podem prejudicar a infraestrutura crítica e as redes do setor público e, assim, ameaçar a segurança nacional. Ao mesmo tempo, pesquisadores e fornecedores não são as únicas partes relevantes; reguladores, clientes, pesquisadores independentes e White-hat hackers (ou hackers ‘do bem’) também podem estar envolvidos. Para uma coordenação eficaz entre todas as partes interessadas, somos guiados pelas melhores práticas internacionais (por exemplo, o padrão ISO/IEC 29147:2018 para divulgação de vulnerabilidades). Em particular, tentamos fornecer a todos os envolvidos, prazo suficiente para uma análise completa da vulnerabilidade e desenvolvimento da correção.

Princípio # 4: Mantenha a confidencialidade, quando for apropriado

Se as informações técnicas sobre uma vulnerabilidade forem reveladas muito cedo no processo, os invasores poderão explorá-la. É por isso que compartilhamos informações de maneira confidencial com as partes que precisam desenvolver medidas de mitigação e, em seguida, trabalhamos nos canais de comunicação mais confiáveis ​​e seguros para geração de relatórios. Pelo mesmo motivo, negociamos os termos e condições de divulgação com o fornecedor ou empresa que tem relação com a falha. No entanto, se não houver resposta, dependendo da gravidade e da escala da vulnerabilidade e do imediatismo do risco, comunicamos por meio de nossos próprios canais de comunicação e as divulgamos de acordo com nossas políticas internas, regulamentos locais e melhores práticas do setor, mantendo o fornecedor informado.

Princípio # 5: Incentive o comportamento desejado

Apesar dos esforços do setor, os cibercriminosos continuam buscando e encontrando vulnerabilidades. Portanto, consideramos importante apoiar abertamente todos os que relatam vulnerabilidades de forma responsável e seguem as melhores práticas do setor para divulgação.

Preservando a divulgação de vulnerabilidades

Estou convencido de que, se todas as partes aderirem a princípios éticos semelhantes, seremos capazes de trabalhar juntos para tornar o ecossistema de TIC não apenas mais seguro, como também mais saudável e previsível para nossos usuários – que são as pessoas para quem trabalhamos.

Você pode aprender mais sobre nossos Princípios Éticos para Divulgação Responsável na página da Iniciativa Global de Transparência da Informação.

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