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A paternidade no século 21 está muito fundamentada na tecnologia. De iPads mantendo crianças entretidas durante voos, até aplicativos que permitem que os pais rastreiem os feeds, desenvolvimento e outras ações de seus filhos, a tecnologia mudou o que significa ser pai e mãe. Além disso, as redes sociais adicionaram outra dimensão.

A criança média agora tem uma pegada digital que geralmente inicia depois que seus pais publicaram uma foto do ultrassom, convidando os amigos e familiares a compartilhar de um momento feliz por meio do "sharenting" (da junção de "share" ou compartilhar e "parenting" ou paternidade).

No entanto, alguns pais — especialmente os que adotaram as redes sociais ainda jovens — caíram na armadilha de publicar sobre seu filho com frequência exagerada, uma condição chamada de "oversharenting", o excesso de sharenting. Como qualquer coisa relacionada a redes sociais, isso envolve diversos riscos.

Por este motivo, é importante que os pais entendam como publicar nas redes sobre seus filhos com segurança.

O que é sharenting?

Sharenting refere-se à prática dos pais de compartilhar fotos de seus filhos na Internet. Geralmente, são imagens compartilhadas em redes sociais, como Instagram e Facebook, capturando momentos cotidianos das vidas das crianças, como os seus primeiros passos, passeios pelo zoológico, apresentações na escola e feriados.

Por mais que os pais queiram compartilhar as conquistas e as vidas de seus filhos com amigos e familiares, publicar fotos na Internet pode ser problemático.  É claro que há também pontos positivos no sharenting. Por exemplo, pais costumam construir comunidades virtuais usando as redes sociais. Este pode ser um ótimo recurso na paternidade e dá aos pais de primeira viagem um senso de companheirismo durante o período em que mais sentem que não fazem ideia do que estão fazendo.

De maneira similar, para pais que vivem muito longe de outros amigos e familiares, compartilhar fotos de seus filhos online é uma maneira de envolver essas pessoas importantes na vida da criança. No entanto, quando pais compartilham imagens que contém informações pessoais da criança ou detalhes que podem vir a ser vergonhosos quando ela crescer, o "oversharenting" pode se tornar um problema.  

À medida que plataformas como Facebook e Instagram se tornaram mais difundidas na sociedade, o sharenting passou a ser bastante normalizado. Falando nisso, as estatísticas mostram que pais estão mais dispostos a compartilhar fotos e vídeos dos filhos na Internet.

Assim, cerca de 80% dos pais compartilhou fotos dos filhos em redes sociais e 33% nunca pediu permissão à criança antes de publicar uma foto dela.

Quais são os perigos do sharenting?

Embora publicar imagens de crianças possa parecer inofensivo, os pais precisam estar cientes de que publicar fotos na Internet — com familiares, com amigos ou publicamente — pode ser problemático. Portanto, há diversos fatores que os pais devem considerar antes de publicar fotos de seus filhos em redes sociais.

Estes são especificamente pertinentes, pois alguns podem apresentar perigos do sharenting, incluindo:

  • A difusão das redes sociais;
  • A permanência dos conteúdos digitais e da Internet;
  • A possível vergonha da criança depois de crescer;
  • Roubo de identidade com as informações compartilhadas.  

O problema é que, uma vez que as imagens estão online, os pais não têm como saber o quão longe elas podem chegar ou como outras pessoas podem usá-las.

Ainda há outro problema: o que quer que seja publicado, permanecerá lá para sempre, mesmo que o autor da publicação a exclua.

O "oversharenting" cria uma pegada digital da criança cuja foto foi publicada, o que apresenta diversas possíveis complicações, como a perda de privacidade ou golpes financeiros ou de identidade.

A seguir veremos em detalhes quais são os riscos do sharenting que os pais devem ter ciência:

Risco de roubo de identidade

Muitos pais não percebem que seus hábitos de sharenting expõem quantidades impensáveis de informações sobre seus filhos.

Uma pesquisa realizada pela Security ORG descobriu que cerca de 75% dos pais compartilhou uma foto, story ou vídeo de seus filhos na Internet e mais de 80% dos pais usam o nome real de seus filhos nas publicações de redes sociais.

Criminosos cibernéticos podem analisar fotos compartilhadas — e as suas legendas — para descobrir o nome, data de nascimento e localização da criança.

Combinando isso com outras informações, talvez obtidas por meio de phishing ou na dark web em violações de dados, esses agentes mal-intencionados podem roubar a identidade da criança para fins danosos.

Permanência do conteúdo digital  

Embora muitas das plataformas usadas pelos pais para compartilhar fotos oferecam o recurso de excluir publicações, isso pode não ser o suficiente para proteger uma criança.

Tudo que é compartilhado na Internet pode deixar um rastro permanente, mesmo que o autor remova sua publicação. Portanto, geralmente é melhor deixar de publicar uma imagem, do que arriscar o "oversharenting" com uma foto que possui informações confidenciais que podem colocar a criança em risco.

Perda de controle das imagens

Outro perigo do compartilhamento de fotos é que quem publica não tem controle sobre o que acontece com suas imagens depois que estão na Internet.

Embora alguns pais utilizem configurações de privacidade em seus perfis das redes sociais, depois de compartilharem fotos de seus filhos, eles têm poucos recursos para gerenciar o que as pessoas fazem com a foto.

Por exemplo, pessoas podem salvar as imagens e compartilhá-las com outras pessoas. As imagens podem ter sido alteradas e usadas de maneira incorreta por mal-intencionados.

Outro perigo do sharenting é que a maioria dos sites de rede social é dona de qualquer conteúdo publicado em suas plataformas. Esta cláusula geralmente está escondida nos termos e condições, aqueles pelos quais a maioria só pula para o fim sem ler.

Portanto, quando um pai ou mãe publica uma foto de seu filho na Internet, a plataforma na qual ela circula é proprietária da imagem.

Perigos do sharenting e assediadores

Outra possível consequência de pais publicando fotos dos filhos é a exposição involuntária da criança a assediadores de menores.

Na mesma pesquisa da Security ORG, descobriu-se que quase 80% dos pais dizem que têm conexões nas redes sociais com pessoas que nunca viram na vida. As imagens que os pais compartilham contêm informações que permitem que assediadores rastreiem as crianças.

Por exemplo, imagens que mostram a criança com uniforme da escola ou o nome da rua de casa, enquanto geotags podem permitir que pessoas com más intenções rastreiem a localização da criança em tempo real.

Além disso, já que os pais não conseguem controlar o quão longe essas fotos vão, é impossível saber onde elas vão parar e nem quais controles de privacidade estão vigentes.

Portanto, é importante que os pais não entrem no "oversharenting" com imagens de seus filhos e minimizem a habilidade de possíveis assediadores encontrarem e sequestrarem a criança.

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Privacidade e questões legais sobre oversharenting

Um dos maiores problemas do sharenting, como já apresentamos, é a questão da privacidade. Crianças são jovens demais para consentir que seus pais publiquem fotos online com familiares e outras pessoas, e até menores mais velhos podem não entender completamente as implicações de publicar na Internet.

O mesmo estudo recente da Security ORG também descobriu que 29% dos pais compartilham conteúdo sobre seus filhos sem consentimento da criança, e apenas 24% dizem que pedem permissão à criança sempre que vão publicar. Além disso, o estudo descobriu que 32% das crianças dizem que seus pais compartilharam um story, foto ou vídeo delas nas redes sociais mesmo depois de terem pedido explicitamente que não o fizessem.

Tudo isso sugere que compartilhar fotos na Internet tem problemas inerentes de privacidade entre pais e filhos.

Bebês, por terem habilidades de comunicação limitadas, são incapazes de dar consentimento informado sobre suas fotos publicadas. Mas é ainda mais importante que os pais considerem as ramificações do sharenting, especialmente à medida que a criança cresce.

Em certos países, como França ou Alemanha, o sistema legal dá às crianças o direito de propriedade sobre suas imagens. Embora o problema seja mais complexo nos EUA, ainda há questões legais e de privacidade a se considerar.

O canal do YouTube "DaddyoFive" demonstra por que essas questões são tão complexas. O canal foi usado como evidência de comportamento abusivo por parte dos pais — os advogados também alegam que a maneira como os vídeos foram compartilhados foi uma forma de abuso — e resultou nas crianças sendo levadas sob custódia emergencial.

Assim que as crianças têm idade para entender redes sociais e as ramificações de publicar nessas plataformas, é importante que os pais comecem a pedir permissão para publicar fotos.

Isso não só demonstra que os pais respeitam a privacidade dos filhos, mas também ajuda a eliminar questões de privacidade entre as duas partes. Além disso, filhos envolvidos no processo decisório de quais fotos devem ser publicadas apresenta-lhes o conceito de comportamento online responsável antes deles começarem a usar redes sociais. 

Outro problema de privacidade no sharenting é a intencionalidade ou falta dela. Por exemplo, pais geralmente tiram fotos dos filhos em eventos esportivos ou em apresentações. Em situações como estas, é crucial que os pais peçam permissão aos filhos para compartilhar fotos.

8 dicas de segurança ao publicar fotos com familiares e amigos

Sabendo dos perigos do sharenting destacados aqui, pais podem estar se perguntando se existe alguma segurança e se devem publicar fotos dos filhos. Essa é uma escolha muito pessoal.

Alguns pais decidem não publicar nenhuma imagem de seus filhos, mas para aqueles que querem continuar postando, há diversas maneiras de melhorar a segurança das fotos e minimizar os riscos do "oversharenting".

Algumas coisas para se lembrar:

  1. Verifique as configurações de privacidade: Certifique-se de que todas as publicações só podem ser vistas pela família e por amigos próximos, e remova o recompartilhamento das fotos. Permitir que estranhos e conhecidos vejam as imagens das crianças pode ser perigoso.  
  2. Tenha conversas sobre privacidade com amigos e família: Fale sobre proteger a segurança das crianças na Internet e defina limites do quanto podem engajar com as publicações.
  3. Desative os metadados e a geolocalização: Não utilizar essas funções podem minimizar a habilidade de rastrear as crianças por meio do compartilhamento de fotos.
  4. Não inclua informações identificáveis: Seja na foto em si ou nas legendas, não compartilhe detalhes que permitam que outros encontrem e rastreiem as crianças. Isso pode incluir nomes, datas de nascimento, escolas, lugares que frequentam ou até casas da família.
  5. Evite usar nomes reais: Evite dar acesso aos nomes completos da criança na Internet. Em vez disso, utilize apelidos ou frases descritivas para crianças.
  6. Não use imagens possivelmente vergonhosas: Sejam fotos no banho ou com roupas engraçadas, essas imagens podem causar problemas à criança depois de crescer.
  7. Use plataformas seguras: Em vez de compartilhar as fotos online, utilize plataformas mais seguras para mostrar imagens das crianças a amigos e familiares. Por exemplo: o WhatsApp protege as fotos com criptografia de ponta a ponta e dá aos usuários a opção de enviar fotos que podem ser vistas apenas uma vez.
  8. Evite mostrar o rosto da criança: Para evitar o "oversharenting", alguns pais cobrem os rostos dos filhos antes de publicar suas fotos nas redes sociais. Isso pode ser feito usando "adesivos" dos aplicativos, como o Instagram, com ferramentas que apagam ou bloqueiam para ocultar o rosto.

Outras questões para considerar ao postar fotos online

Antes de publicar sobre os filhos nas redes sociais, os pais devem se perguntar algumas coisas.

Essas perguntas podem ajudar a evidenciar implicações das publicações e ajudá-los a decidir se são aceitáveis ou se são "oversharenting":

  1. Por que a publicação está sendo compartilhada? Talvez para manter a família e os amigos atualizados sobre o desenvolvimento da criança ou só porque é um momento fofo? De qualquer forma, é importante entender a intenção da publicação.
  2. Seria aceitável permitir que alguém compartilhasse uma publicação semelhante? Embora cada pessoa interaja com redes sociais de maneira diferente, é importante ponderar se haveria problema caso você estivesse do outro lado. Se a criança em questão já tem idade para entender e dar permissão, peça-a diretamente. 
  3. Há algo possivelmente vergonhoso sobre a publicação? Já que coisas publicadas podem deixar uma pegada permanente, entenda se a publicação poderia deixar a criança envergonhada no futuro.
  4. A publicação contém algo que pode ser comprometedor? Como dito anteriormente, pense nas dificuldades que a publicação pode causar à criança mais tarde em sua vida. Talvez hajam sentimentos religiosos ou políticos que podem impedir a criança de conseguir um emprego em certa empresa na vida adulta, por exemplo.
  5. A criança estaria feliz em ver a publicação como parte de sua pegada digital? Pense no que a publicação diz sobre a criança e sobre como ela vai querer ser vista depois de adulta. Será que a publicação será uma boa memória ou vai dar uma imagem negativa a ela?

Pense duas vezes antes de praticar sharenting

harenting é o resultado natural de um mundo em que as redes sociais são usadas espontaneamente para capturar momentos da vida e compartilhá-los com as pessoas.

Embora a prática tenha algumas vantagens, os pais deveriam pensar um pouco mais antes de compartilhar fotos de seus filhos na Internet.

Sharenting pode causar muitos perigos, incluindo roubo de identidade e exposição a possíveis assediadores. Além disso, pode resultar em repercussões negativas depois que a criança crescer, afetando uma busca de emprego, por exemplo.

Já que essa prática cria pegadas digitais da criança antes que tenham idade de consentir, ela também pode criar problemas de privacidade entre a criança e os pais, o que pode exaurir a confiança na relação.

Por todos esses motivos, é importante que os pais pensem duas vezes antes de publicar na Internet algo sobre seus filhos.


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